Topo
Entretenimento

'Provável psicopata': doc fala de 'culpado' pela tragédia da OceanGate

Stockton Rush, CEO da OceanGate, é tido como o grande vilão - Reprodução/YouTube/alanxelmundo
Stockton Rush, CEO da OceanGate, é tido como o grande vilão Imagem: Reprodução/YouTube/alanxelmundo
do UOL

De Splash, em São Paulo

14/06/2025 20h25

No documentário da Netflix Titan: O Desastre da OceanGate, o diretor Mark Monroe investiga as circunstâncias em torno do acidente fatal do submersível em 2023. Ao decorrer da produção, um nome é apontado como o principal 'culpado' pela tragédia: o do bilionário Stockton Rush, cofundador e CEO da OceanGate, um dos mortos na implosão que ia aos destroços do Titanic.

O documentário está como um dos filmes mais assistidos da Netflix no Brasil hoje.

Quem era Stockton Rush

A implosão da embarcação ocorreu durante a sexta expedição do submersível, no Oceano Atlântico Norte, matando cinco pessoas.

O documentário, disponível na Netflix, explora o ado de Rush — um homem obcecado pelo Titanic — e sua "busca para se tornar o próximo bilionário inovador". No filme, a ex-contadora da OceanGate, Bonnie Carl, relata que Rush "queria ser um Jeff Bezos ou um Elon Musk" e que "ele se referia a esses homens como 'grandes figurões' - e adorava esse termo".

O empresário chega a ser classificado como um "provável psicopata" por ex-funcionários. Na produção, é relatado que ele se cercava de bajuladores, muitos deles inexperientes e desqualificados.

A produção mergulha nas ambições controversas de Rush e nas falhas que levaram à tragédia, destacando os riscos da exploração submarina sem regulamentação adequada.

É revelado como Stockton Rush não se limitou a ignorar advertências sobre segurança; ele arquitetou um elaborado esquema para escapar do escrutínio regulatório. Movido por uma convicção inabalável em seus objetivos, Rush recorreu a manobras engenhosas no sistema jurídico americano para viabilizar suas expedições arriscadas ao Titanic sem enfrentar obstáculos legais.

Submersível Titan operado pela OceanGate Expeditions - OceanGate Expeditions/Handout via REUTERS - OceanGate Expeditions/Handout via REUTERS
Submersível Titan operado pela OceanGate Expeditions
Imagem: OceanGate Expeditions/Handout via REUTERS

Robert McCallum, ex-líder de expedições da OceanGate e veterano em exploração submarina, descreve no filme um dos artifícios mais reveladores: a recategorização estratégica dos ageiros como "mission specialists" (especialistas da missão), uma mudança semântica nada inocente. A legislação marítima americana estabelece exigências distintas para tripulantes e ageiros pagantes, especialmente no que diz respeito a normas de segurança e responsabilidade civil. Ao insistir que todos a bordo eram "especialistas voluntários" - mesmo cobrando US$ 250 mil por pessoa - Rush criava uma zona cinzenta jurídica que lhe permitia operar sem cumprir os padrões obrigatórios para embarcações comerciais.

"Era um jogo de palavras calculado", explica McCallum em Titan: O Desastre da OceanGate. "Se você elimina o conceito de ageiro, elimina também toda a estrutura regulatória que protege essas pessoas". Essa artimanha linguística era somente a ponta do iceberg de uma estratégia deliberada para manter as autoridades à distância. Enquanto apresentava suas expedições como missões científicas, Rush, na verdade conduzia uma operação comercial de alto risco, usando um submersível experimental que nunca ou por certificações independentes.

O filme mostra como essa abordagem agressiva de "pedir perdão em vez de permissão" refletia a filosofia de Rush, que se via como um pioneiro disposto a romper com modelos ultraados. Mas o que ele chamava de "inovação disruptiva" era, na prática, um perigoso desprezo por protocolos desenvolvidos ao longo de décadas para evitar tragédias.

A implosão do Titan em junho de 2023 provaria, de maneira trágica, os limites dessa postura - um desfecho que o documentário apresenta como consequência inevitável da combinação entre ambição, negligência e um sofisticado, porém frágil, esquema para enganar o sistema.

Entretenimento